A dívida pública nacional é a dívida que o
Estado Português fez ao longo dos últimos anos onerando as gerações atuais e
futuras do país com encargos da dívida pública que o país, atualmente, verifica
não poder suportar.
Os nossos governantes desde do Partido
Socialista (PS) até ao Partido Social Democrata (PSD) que com ou sem coligação
com o CDS-PP (Coligação Democrática Social – Partido Popular) foram os
responsáveis pela criação de uma dívida do Estado Português excessiva que não
foi devidamente acompanhada de medidas de crescimento económico da economia
portuguesa que sustentassem tal endividamento excessivo do país.
Fazendo uma análise aos últimos 21 anos de
democracia em Portugal reparamos que os governos liderados pelos dois grandes
partidos do sistema político nacional (PS e PSD) que em coligação sem coligação
com o CDS-PP foram consecutivamente desgovernando Portugal com as suas
políticas irresponsáveis e excessivamente despesistas nunca se preocuparam de reduzir a dívida pública e prova disso é
que desde do período considerado a
dívida pública portuguesa em termos de stock líquido foi sempre aumentando, o
que significa que o país desde dos anos 80 foi continuando um caminho de
endividamento em 1990, 2000 até 2012 e prevê-se que a escalada do endividamento
continue por mais alguns anos.
Quem analisar o último relatório do EUROSTAT
(Gabinete Estatístico da U.E) sobre o endividamento público reparamos que
Portugal arrecada a “medalha de bronze” (3º lugar) dos países mais endividados
em termos de rácio dívida/PIB, atrás da Grécia (132,4% do PIB) e Itália (123,3%
do PIB). O rácio dívida pública / PIB de Portugal é de 111,7% do PIB nacional.
A título de curiosidade os países que têm o
rácio de dívida pública mais baixo são:
·
Luxemburgo – 20,9%;
·
Bulgária – 16,7%;
·
Estónia – 6,6%;
A média da U.E ronda os 83,4% considerando a
média ponderada dos 27 países membros da U.E.
Isto só demonstra que Portugal está numa
situação GRAVE e urge uma MUDANÇA DE POLÍTICAS relativamente à DÍVIDA PÚBLICA.
Vejamos alguns dados.
Dados Dívida Pública Bruta
1991 – 2012.
ANO
|
DÍVIDA
PÚBLICA (Em biliões de Euros)
|
1991
|
35,5
|
1992
|
35,8
|
1993
|
40,9
|
1994
|
46,5
|
1995
|
52,0
|
1996
|
54,3
|
1997
|
55,0
|
1998
|
55,5
|
1999
|
58,7
|
2000
|
61,8
|
2001
|
68,4
|
2002
|
75,2
|
2003
|
78,8
|
2004
|
84,0
|
2005
|
94,8
|
2006
|
100,5
|
2007
|
115,6
|
2008
|
123,1
|
2009
|
139,9
|
2010
|
161,1
|
2011
|
184,2
|
2012
|
P 189,4
|
Estes dados significam que em 21 anos (1991 a
2012) o país partiu de um endividamento de 35,5
biliões de Euros para os previsíveis 189,4
biliões de Euros, o que significa que o aumento em 21 anos é de 153,9 biliões de Euros, o que dá uma
média aritmética ponderada de 7,3
biliões de Euros de aumento da dívida todos os anos.
Em média o país aumentou todos os anos o
equivalente para pagar o défice público previsto para o ano de 2012.
O
efeito da crise internacional de 2008.
Com a crise capitalista do sistema financeiro
internacional a partir de 2008, o Governo Português considerou-a à época como
um “pequeno abalo” que se traduziu num verdadeiro “Tsunami” financeiro e
económico para a maioria dos países do Mundo, com especial predominância para
os países mais frágeis e periféricos como Grécia e Portugal.
Em Portugal entre 2008 e 2011 a dívida
pública aumentou de 139,9 biliões de Euros para 184,2 biliões de Euros,
aumentando em 3 anos 44,3 biliões de
Euros. É verdade que a maioria dos países europeus aumentaram a sua dívida
pública graças a um fraco crescimento económico e aos efeitos da crise, mas
também devemos ter em conta que em muito conta o fraco crescimento económico de
Portugal aliado a compromissos de dívida contratualizados através de Parcerias
Pública Privadas (PPP) e recursos excessivos aos mercados da dívida
internacionais em anos anteriores.
É portanto uma situação de total catástrofe
aquela que o país vive em 2012 e que viverá nos próximos tempos porque a nossa
exposição e dependência face ao exterior vai aumentar devido ao aumento da
dívida pública e dos respetivos encargos com juros, o que provocará derrapagens
no défice das contas públicas, uma vez que a despesa do Estado aumentará
consecutivamente com juros, despesa essa que o Estado não controla.
Evolução do Rácio da dívida / PIB
Ano
1991: 55,6%
Ano
1995: 59,2%
Ano
2000: 48,5%
Ano
2005: 61,4%
Ano
2010: 93,3%
Ano
2011: 107,8%
Ano
2012: P 118%
A redução do rácio da dívida em relação ao
PIB é enganadora, porque fará querer que a dívida foi reduzida mas não, de
facto registou-se uma diminuição do rácio da dívida em relação ao PIB não pela
diminuição da dívida (que foi sempre aumentando), mas pelo aumento do Produto
Interno Bruto nacional.
Desde 2001 o país atingiu um ciclo de aumento
do rácio da dívida pública em relação ao PIB, sendo que em 2005 ultrapassou a
meta da U.E dos 60% de dívida pública em relação ao PIB.
Em 2011, o país já estava quase 8% endividado
acima das suas possibilidades, ou seja, o país produzia 100 e gastava 108 e as
previsões da Comissão Europeia é que Portugal possa atingir os 118% no ano de
2012 ou até 2013, o que significa que nos próximos anos (a curto prazo) teremos
previsivelmente um endividamento aquase 20% acima das nossas reais
possibilidades de pagamento.
Tal realidade, acrescida a um cenário de
fraco crescimento económico nos últimos anos (em Portugal, o crescimento foi
recessivo, ou seja, decrescemos na criação de riqueza), poderemos ter um
cenário de verdadeiro empobrecimento do país, com o agravamento da dívida
pública, o falhanço total nas medidas promotoras do investimento e do
crescimento e claro os problemas sociais, como o desemprego e o aumento da
pobreza, será uma constante cada vez mais problemática.
É ridículo que a TROIKA (FMI, U.E e BCE) nas
suas famosas “avaliações” ignorem e negligenciem estes dados macroeconómicos de
extrema importância.
São necessárias soluções para resolver este
problema do endividamento.
Jean
Coelho
Administrador
do blogue PORTUGAL PRIMEIRO